São Tomás, escrevendo sobre a CASTIDADE, diz que o leão vê a gazela apenas como uma refeição e a concupiscência faz de todos nós caçadores, predadores em busca de algo para devorar. Desejamos apenas um pouco de carne para engolir.
Santo Agostinho sustentava que “não se pode gostar das pessoas do mesmo modo como se ouvem os gastrônomos dizerem ‘gosto de sopa’”. (...) A concupiscência despersonaliza a outra pessoa, de modo que possa ser consumida. O consumismo implica uma abordagem devoradora da realidade e, por isso, não é de estranhar que a concupiscência seja característica da sociedade de consumo.
Quando se comem animais, têm que ser cortados; assim a concupiscência também nos leva a desmembrar as pessoas, focando diferentes partes do corpo, como se as cortasse em pedaços. Jesus, falando acerca de olhar concupiscente, diz: “Se o teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e lança-o para longe de ti” (Mateus 5.29). Se obedecêssemos à letra, duvido que houvesse no planeta muitos cristãos com dois olhos. Seríamos, com certeza, acentuadamente diferentes! Mas a retórica de Jesus está, sem dúvida, no convite a entender o que fazemos aos outros. Se não nos queremos mutilar, também não devemos fazer isso aos outros. Mais uma vez, a castidade consiste em viver no mundo real. Ela abre os nossos olhos para vermos que o que está perante nós é, de fato, um belo corpo, mas esse corpo é alguém.
Timothy Radcliffe, Por Que Ser Cristão, Paulinas, p. 163-164 via: Sandro Baggio
Ps: C.S. Lewis faz uma analogia interessante em "Cristianismo Puro e Simples", ironizando como seria bizarro se as pessoas ficassem assistindo a um prato de comida ser gradativamente exposto como se fosse um striptease.... Pense nisso!!!!!!!



