Fora da meninice não há salvação
Em algum momento da vida nós crescemos... Geralmente nesse momento colocamos gravatas e calçamos sapatos apertados – gravatas e sapatos são símbolos da vida de gente grande. Na verdade, todos esperam que seja assim mesmo e dizem: é isso que um homem adulto e responsável deve fazer.
Sem querer contradizer todas essas expectativas da vida adulta, é preciso dizer que só isso não basta. É preciso não matar o menino que habita em cada um de nós nessa longa trajetória da maturidade. Pois pode ser que somente ele nos salve das pressões e asfixias das gravatas apertadas e dos sapatos que nos roubam o frescor da terra. É como nos diz a letra da canção:
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão
Há um passado no meu presente
Um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão
E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade alegria e amor
Pois não posso
Não devo
Não quero
Viver como toda essa gente
Insiste em viver
Bola de Meia, Bola de Gude (Milton Nascimento)
Um convite para você: desate a gravata e tire os sapatos (mesmo por um instante) para aproveitar a leveza e a beleza da vida. Vamos nos encontrar com nossos meninos interiores. Ah, e se tiver tempo, coma uma grande fatia de melancia, mas lembre-se que é preciso sujar bem o rosto.



