Não sei o crime que cometeram. Não sei o nome de nenhum dos dois.
Presos em nome da lei, lado a lado de Jesus, que, aliás, não era um deles. Ele era puro, santo e inocente, e mesmo assim se submeteu a essas estranhas e inconvenientes companhias.
Um dos ladrões zombava: "Então Você é o Messias, não é? Prove isso, salvando a Si mesmo - e a nós também!" Lucas 23:39. Como ele se parece comigo, carregado de interesses próprios e de zombarias a Jesus. Já fiz isso muitas vezes e se não cuidar, volto a fazer.Ele duvida da divindade de Jesus, e debochadamente põe a prova o poder do Salvador. Eu sou esse ladrão. Em meio a momentos de dor e tristeza, fraqueza e ódio, onde a morte interior ronda a minha existência, eu sou tentado a duvidar dAquele que é fiel e que por tantas e tantas vezes me socorreu. Sim, eu sou esse cara que não vale nada, a ponto de ter que morrer por causa do meu próprio erro. E o pior, a Salvação está ao meu lado, disponível a mim.
Mas o outro ladrão protestou: "Você não teme a Deus nem quando está morrendo? Nós merecemos morrer pelos nossos crimes, mas este Homem não fez nenhuma coisa ruim" Lucas 23:40. O outro se parece comigo também. Igualmente culpado e sem nenhuma esperança, minha vida passa diante de mim. Percebo o quão frágil e dependente sou, e nesses últimos momentos de vida eu me arrependo de tudo o que fiz e percebo que ao meu lado está o Amor ensaguentado por mim, por minha causa. Tenho vergonha de tudo o que fiz, mas não tenho vergonha de tentar virar o placar aos 48 do segundo tempo. Contemplo Jesus, e meio que inspirado por Ele mesmo, eu percebo que a vida não se encerra ali. Na verdade vou tomar uma decisão que irá dar início á minha verdadeira vida! Lembro-me que Ele é o Rei, e que o seu Reino não é desse mundo, e sendo assim há uma esperança para mim. Pago os meus débitos com a sociedade com a morte da minha carne, mas recebo graciosamente a oportunidade da liberdade eterna no Reino de paz e justiça. Esse ladrão sou eu.
Tento me parecer com o segundo. Detesto ser como o primeiro.
Quero fazer morrer minha natureza pecaminosa e reviver a vida de Cristo em mim, para que hoje mesmo eu esteja no paraíso com Ele.
Juliano Fabricio
entre um ladrão e outro...