Temos tanto o que aprender com o Mestre!
Considero uma afronta fazer da pregação do Evangelho panfletagem ideológica, ou usar passagens isoladas das Escrituras para justificar suas preferências. Jesus não é garoto-propaganda de regime algum.
Ele não é americano, nem cubano.
Não é petista, nem tucano.
Não é conservador, nem progressista.
Não é socialista, nem neoliberal,
muito menos calvinista ou universalista.
Sua mensagem é comprometida com o idealismo, não com a ideologia, seja de esquerda, de centro ou de direita. Seu compromisso é prioritariamente com os pobres, mesmo que alguém o acuse de comunista. Porém, o mesmo Jesus que atende ao clamor de Bartimeu, o mendigo cego às margens do caminho, também atende aos anseios de Zaqueu, o publicano corrupto.
Não confundam prioridade com predileção.
O Cristo dos Evangelhos jamais fez acepção de pessoas. Ele é capaz de cercar-se de prostitutas em plena luz do dia e ainda atender a um figurão da sociedade na calada da noite. Ele perdoa os romanos que O crucificam, mas também demonstra importar-se com o destino da alma do ladrão crucificado ao Seu lado.
Ele não despreza homem algum, senão o arrogante, o que se acha dono da verdade, e que em seu nome despreza os que pensam diferentemente dele.
Todos têm o direito de ter suas predileções ideológicas.
Mas não se enganem.
Não há ideologia perfeita.
Portanto, não vale a pena matar ou morrer por elas. Nem é de bom tom demonizar a ideologia do outro. Neste campo não há mocinhos ou bandidos. Ambos têm telhado de vidro. Todos produziram heróis e mártires, mas também algozes e torturadores. Protegeram interesses legítimos, mas às vezes, ao custo de vidas inocentes. Quando se quer criticar o comunismo, por exemplo, aponta-se Cuba, com o seu atraso tecnológico, esquecendo-se que o mesmo se deve ao embargo econômico promovido pela a maior potência capitalista do mundo. Há santos e pecadores, anjos e demônios em ambas as trincheiras. É perda de tempo ficar contabilizando pra ver que regime matou mais, ou promoveu mais a prosperidade do seu povo.
Cada regime tem seu próprio altar e sacrifício.
Um sacrifica a liberdade no altar da justiça social.
Outro sacrifica a justiça social no altar da liberdade.
Sempre alguém sairá ganhando enquanto outros sairão perdendo. É inevitável. Então, não queiram canonizá-los, tampouco demonizá-los. São simplesmente humanos, tão falhos quanto os que os criaram.
Parafraseando Paulo, se por causa de uma ideologia se contrista teu irmão, já não andas conforme o amor. Não destruas por causa de uma ideologia aquele por quem Cristo morreu (Rm.14:15). Posso até considerar que um irmão esteja enganado quanto à sua ideologia, mas isso não me confere o direito de pôr em xeque a sua integridade e fé.
Quanto a mim, se me pedirem que escolha entre uma pílula e outra, minha resposta será: Nenhuma das duas. Obrigado. Estou fora da Matrix.
Juliano Fabricio
Sem fazer uso de pílulas!!!
(Valeu hermesfernandes por mais uma aula)