{Eis mais um tabu da religião a ser quebrado.}
Ora, o que regula uma relação afetiva não é a submissão, mas o amor!
O mandamento é amar, não subjugar, é acolher, não amedrontar, é cuidar, não esmagar, pois em meio a essa questão da submissão da mulher o que mais se vê são os exageros e o uso perverso do texto sagrado para justificar desmandos inaceitáveis.
Jesus não tratou desta questão, deixando claro, para mim, que o tema deve ser abordado de maneira consensual.
Quando Paulo estabelece o postulado, na Epístola aos Efésios, ele trata de um ponto de vista da cultura patriarcal judaica, numa sociedade onde a mulher não tinha outra escolha a não ser aceitar o mando do marido. Seria absurdo, nesta perspectiva, o apóstolo ensinar qualquer outra coisa!
Mas alguém vai dizer que esse é um princípio inamovível, inegociável. Bem, olhar para certas passagens das Escrituras requer coragem e bom senso.
Alerta: Nós sabemos que o texto é inspirado, mas também precisamos compreender que, alguns deles, expiraram!
É o caso da submissão da mulher. Uma análise básica sobre o extrato social atual já desmonta a doutrina. É dado do último censo do IBGE que, cerca de 60% das famílias das classes C e D hoje, são mantidas pelo trabalho das mulheres. Nos dias de Paulo, mulheres pariam filhos e cuidavam do marido e da casa. Nos nossos dias, elas dirigem nações! Um outro olhar pode lançar alguma luz sobre o tema.
Quando Jesus trata da questão da autoridade, ele ensina que quem a exerce deve fazê-lo com a consciência de quem presta um serviço, ou seja, eu cativo a submissão de alguém porque, antes de tudo, cativei a pessoa pelo amor e pelo cuidado para com ela.
O próprio Paulo já deixou plantada esta ideia quando usou a metáfora no texto de Efésios 5:25: “Maridos amai as vossas esposas como Cristo amou a igreja e sacrificou-se por ela”. Então, eu penso que este é um tema que deve ser abordado de forma honesta e buscando a luz da verdade para este tempo.
Não vejo qualquer problema em haver igualdade de autoridade na relação, pois, onde há amor sincero, os conflitos são sempre resolvidos buscando o melhor para o outro. Onde não há, todavia, o código religioso será usado como mordaça existencial, como instrumento de opressão, como meio de chantagem, e tudo isso em nome de “deus”...
Boa reflexão do
Carlos Moreira