Agora é nossa vez de lidar com inseguranças, medos, barrigas ou timidez
O rei está nu. E só assim, sem todas as carcaças – manto, coroa, luva, botas, capa – revela-se vulnerável ao mundo. Com o pensamento despido, o súbito súdito deixa sua alma ser vista por todo o reino. E mulheres, velhos, crianças, rapazes e todas as outras pessoas que se deparam, pela primeira vez, com o corpo entregue, olham sem espanto:
– Olhem, é o Rei. É apenas um homem nu.
Respondendo a pergunto do título:
Esses homens estão aqui.
Cada um se despindo como sentir vontade, explorando seus obstáculos, curiosidades e medos.
Desafiando o que sentem à respeito do próprio corpo e de sua exposição pública.
Homens que assumem suas vulnerabilidades e incoerências.
Que tentam tratar as mulheres com equidade, por entenderem que não há nada de extraordinário nisso – é apenas o que deve ser.
Quebrando essas barreiras é permitindo que a sensibilidade apareça – e não que nos seja uma ameaça.
Educando seus filhos homens para que percebam, desde muito cedo, que eles podem ser melhores do que eles são.
Aqui estão homens que começaram a desnudar os pensamentos e passaram a exibir suas vulnerabilidades, fraquezas emocionais, desprazeres sexuais, fracassos, broxadas, dúvidas, medos, angústias, pressões e depressões. E que muitas vezes falham miseravelmente em tudo isso, pois é natural errar no que nunca fizemos e ninguém aqui se pretende modelo de virtude. Me vejo neles e aqui começo a tirar minhas próprias carcaças.
Eles estão aqui. Estão em todas as partes. São homens comuns, sem capa, coroa, manto.
Juliano Fabricio
um homem em des{construção}
*foto da escultura hiper-realista do australiano Ron Mueck