A revolução/subversão começa quando a injustiça que nos cerca incomoda mais que os possíveis retornos pessoais que proporciona. Nesse momento, a mesa farta já não sacia, o sofá novo já não é tão macio, a TV já não entretem, o auto-engano já não consegue disfarçar a mentira…
O nosso cotidiano, os roteiros conhecidos, a mesa do bar, o contra-cheque, o contar de vantagens, as homilias, vão perdendo o encanto e a capacidade de satisfazerem com suas meia felicidades. Quer-se mais, um mais que não tem receita certa, que não vem escrito nos manuais de convivência e etiqueta, um mais que não está nos cardápios, um mais que está além das palavras, dos acordos e rituais, vez que vem da urgência de humanidade que nos assalta ao nos distanciarmos de nós mesmos.
Então vem a revolta alternada com uma certa depressão, um sentimento de insatisfação e impotência crescentes que sufocam, tiram o ar, tiram o ânimo de viver, pois sobreviver já não basta, é preciso mais, é preciso ousar, é preciso viver, é preciso voltar às origens e se reconciliar com a humanidade, com a criação e com Deus.
Ai as portas e janelas revelam que, por trás da transparência das aparências, sempre estiveram fechadas. Família, amigos, emprego, estado, igreja revelam seu lado repressor e sombrio, avesso à verdade, adeptos da conveniência de um estilo de vida sem sentido, de meias verdades que não confortam, que oprimem, que deixam nú a renúncia de uma vida inteira. Momento em que as máscaras caem e a verdade crua revela o desperdício de toda uma existência, reflexo de uma vida moribunda de quem só cumpre tabela, num jogo mesquinho e banal em troca de farelos.
Momento crucial em que se constata que está morto e tem de decidir se continua apodrecendo até o fim ou decide matar o ditador que mora dentro de si para renascido, haver espaço para fraternizar-se à humanidade.
Titulo adaptado por Juliano Fabricio via
Anônimo disse...
Gostei.
Vou copiar ta! :D