Se desejamos ser proclamadores do Reino, apresentando uma nova forma de viver como humanos, devemos também refletir a cruz.
Essa é uma expressão estranha, mas que também faz parte de nossa tarefa como seguidores de Jesus.
Moldar nosso mundo nunca é, para um cristão, uma questão de sair de forma arrogante, pensando que podemos organizar o mundo de acordo com o modelo que tivermos em mente. Trata-se de compartilhar a dor e o sofrimento do mundo, de forma que o amor crucificado de Deus em Cristo, traga cura ao mundo nas áreas que ele precisa ser curado. Porque Jesus carregou a cruz de forma única por nós, o perdão não precisa mais ser comprado; está consumado. Contudo, porque, como ele mesmo disse, segui-lo envolve carregar a nossa cruz, devemos esperar, como diz o Novo Testamento repetidas vezes, encontrar uma cruz a seguir tomada constantemente em nosso caminho.
Se pudéssemos, escolheríamos não ter que carregá-la. Encontramo-nos no Getsêmani, dizendo, “Senhor, tem que ser assim mesmo?
Se eu tenho sido tão obediente até aqui, por que as coisas têm que acontecer comigo dessa forma?
O Senhor quer que eu me sinta assim mesmo?
Em algumas ocasiões, a resposta pode até ser “não”. É possível que às vezes tenhamos tomado o caminho, tendo que, então, mudar de rota e seguir por outra estrada. Contudo, frequentemente a resposta é que devemos permanecer no Getsêmani mesmo. O caminho do cristão não é o do silêncio sufocador, do comprometimento herodiano, ou do zelo militar. O caminho do cristão é o de ser, em Cristo e pelo Espírito, alguém que esteja no lugar onde o mundo está em sofrimento, de forma que o amor de Deus seja manifestado, curando toda espécie de dor.
N. T. Wright