Leio os evangelhos em busca de orientação, apenas para ser lembrado de como Jesus foi apolítico.
A referência maior e mais profunda do evangelho não é ao mundo ou aos seus problemas sociais, mas à eternidade e às suas obrigações sociais.
Hoje, sempre que uma eleição está por vir, os cristãos debatem se este ou aquele candidato é o "homem de Deus" para assumir o cargo.
Projetando-me para os tempos de Jesus, tenho dificuldade em imaginá-lo ponderando se Tibério, Otávio ou Júlio César era o "homem de Deus" para o império.
O homem que eu sigo, um judeu-palestino do primeiro século, também esteve envolvido em uma guerra cultural. Ele se levantou contra uma instituição religiosa rígida e um império pagão. Os dois poderes, geralmente em desacordo, conspiravam juntos para elimina-lo. Sua reação? Não lutar, mas dar a sua vida pelos seus inimigos, e apontar para esse dom como a prova do seu amor. Entre as últimas palavras que Ele enunciou antes da sua morte estavam estas: "Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem".
As figuras apresentadas por Jesus descrevem o reino como um tipo de força secreta.
Ovelhas entre lobos, tesouro escondido em um campo, a menor das sementes no jardim, trigo crescendo entre joio, um punhado de fermento operando na massa do pão, uma pitada de sal na carne. Tudo isso aponta para um movimento que opera dentro da sociedade, mudando-a de dentro para fora. Você não precisa de uma pá cheia de sal para preservar uma fatia de presunto; um pouquinho seria suficiente.
Jesus não deixou uma hoste organizada de discípulos, pois Ele sabia que um punhado de sal gradualmente operaria através do mais poderoso império do mundo. Contra todas as possibilidades, as grandes instituições de Roma, o código de leis, as bibliotecas, o Senado, as legiões romanas, as estradas, os aquedutos e os monumentos públicos, tudo isso foi desmoronando gradualmente, mas o pequeno bando prevaleceu e continua até o dia de hoje.
Søren Kierkegaard descreve a si mesmo como um espião, e realmente os cristãos agem como espiões, vivendo em um mundo enquanto nossa mais profunda fidelidade pertence a outro.
Somos alienígenas residentes, ou forasteiros, utilizando uma expressão bíblica.
Lembrando: Um padrão histórico da Igreja é que a heresia sempre começa de cima e o avivamento sempre de baixo. Esse entendimento, essa mudança sempre virá de baixo, como costuma acontecer, e não imposta de cima. A escada do poder sobe, a escada da graça desce.
Juliano Fabricio
um forasteiro