A palavra cinismo tem a sua origem no grego kunikos, que significa "que diz respeito ao cão".
Cinismo foi uma escola da filosofia grega, saída dos ensinamentos de Sócrates, assim denominada por expressar simbolicamente a atitude mordaz e o género de vida anti-convencional que os caracterizava e também a partir do ginásio Cinosargo, local do ensino, que era o mausoléu do "cão". Como tal, designava-se os adeptos do movimento por cínicos: cães. Antístenes foi o fundador deste Cinosargo, onde também ensinava Diógenes de Sinope, que era o seu representante mais célebre. Diógenes, discípulo de Antístenes, criou o verdadeiro modelo cínico, pelo modo como assumiu este ideal de vida, caracterizado pela sua simplicidade, pelo seu não conformismo e pela sua impertinência.
Antístenes também se chamava a si próprio cão, ilustrando assim o desprezo pelas convenções e pela lei que caracteriza o cinismo, o qual exalta um regresso à Natureza.
Os cínicos são, então, membros de um movimento filosófico cuja doutrina se caracteriza por um anticonformismo social, político e religioso, bem como por um ideal de vida fundado no autodomínio conseguido mediante a libertação das necessidades supérfluas.
Os cínicos inflectiram o sentido da ironia socrática para o escárnio. O desprezo pelas convenções sociais exibido pelos cínicos gregos, assim como a interpretação da ironia socrática, está sem dúvida na origem da palavra até ao seu sentido actual. Posteriormente, o termo adquire um sentido pejorativo pela contradição verificada, por vezes, entre o ideal ascético divulgado e o hedonismo vivido.
A verdadeira felicidade do Homem, que os cínicos ensinavam, baseava-se na vida reta e inteligente e isto constituía, também para eles, o conceito de vida virtuosa.
Para os cínicos, esta vida reta e virtuosa consiste numa conduta o mais independente possível de todos os acontecimentos e fatores exteriores ao Homem. Esta independência pode ser realizada através do domínio da inteligência sobre os desejos e necessidades de cada um. Os cínicos tentaram libertar o Homem da servidão dos costumes, convenções e instituições humanas pela redução dos desejos e apetites do Homem apenas aos indispensáveis à vida e pela renúncia àqueles que são impostos pela civilização.
Enfim... Pregava um total abandono do mundo, buscavam a felicidade através da liberdade. Tinham uma aparência diferente daquela considerada normal pelos padrões sociais da época, de modo a serem reconhecidos como propositalmente divergentes. Tinham uma opção anticultural pela pobreza que fazia com que não tivessem moradia fixa, levando uma vida itinerante simbolizada pelo uso do cajado.
Pensando assim, guardada as devidas proporções...
Jesus era cínico. Pena que tanto a palavra cínico como os cristãos tenham mudado tanto e pra pior.
Juliano Fabricio – vivendo e aprendendo.