"O centro do universo se encontra no lugar que está doendo".
Rubem Alves
O sofrimento e a dor são inerentes a qualquer ser do universo. Já dizia Agostinho que, Deus, só teve um filho que não pecasse, mas, não teve nenhum filho que não sofresse. Ou seja, não temos como evitar o sofrimento, e como diz Rohden,
“a alternativa do homem de hoje e de todos os tempos não é sofrer ou não sofrer – mas saber sofrer”.
Nesse sentido, devemos canalizar o sofrimento como um processo de evolução, pois sem dor não há evolução, não há desenvolvimento, não há arte.
Sim, Rubem Alves nos lembra que, o ato criador, seja na ciência, seja na arte, nasce sempre de uma dor. Não pude deixar de notar: ato criaDOR. A felicidade, a alegria, é um dom que deve ser simplesmente gozado e vivido. Mas ela não cria. São os que sofrem que produzem a beleza, que desenvolve o inexprimível para parar de sofrer.
Nesse contexto Rubem Alves usa como exemplo a ostra, que precisa ter dentro de si um grão de areia que a faça sofrer. Aquele grão de areia dentro de si, pontudo, produz feridas, um tumor irredimível, que no final das contas a fará produzir uma perola.
“Ostras felizes não fazem pérolas”…
Pessoas felizes não sentem a necessidade de criar. Com isso não quero dizer que a felicidade não gera a beleza. A felicidade também produz a beleza, mas, o desespero e a angustia geram o inefável. Não é preciso que seja uma dor doída… Por vezes a dor aparece como aquela coceira que tem o nome de curiosidade.