Em um enorme caldeirão religioso,
observo como muitas religiões reagem ao problema da dor.
Os budistas ensinam uma serena aceitação do sofrimento, uma atitude que nós, moradores do ocidente hipocondríaco, certamente poderíamos aprender.
Os hindus e os muçulmanos com frequência encaram o sofrimento com um espírito fatalista: para o hindu, ele resulta dos pecados de uma vida anterior.
Para os muçulmanos, é a vontade de Alá.
Para os crentes moderninhos ou é falta de fé, ou maldição, ou o não pagamento dos dízimos, ou também o explosivo e corrosivo mix de ganância/culpa e medo.
Em contraste a tudo isso, temos uma resposta apresentada por Jesus:
devemos confiar na bondade de Deus, a despeito do sofrimento e da injustiça que vemos ao nosso redor, e, ainda assim, fazer tudo que estiver ao nosso alcance para aliviar esse sofrimento enquanto vivemos nesta terra.
Paulo, Jó (o cara da foto acima)
e muitos outros foram exemplos vivos dessa atitude.
“Deus deixa-se empurrar para fora do mundo até a cruz; Deus é impotente e fraco no mundo e exatamente assim, ele está conosco e nos ajuda. Em Mateus 8.17 está muito claro que Cristo não ajuda em virtude da sua onipotência, mas da sua fraqueza, do seu sofrimento. Neste ponto reside a diferença decisiva em relação a todas as religiões. A religiosidade do ser humano o remete, na sua necessidade ou aflição, ao poder de Deus no mundo. Este Deus é o deus ex-machina. A Bíblia remete o ser humano à impotência e ao sofrimento de Deus; somente o Deus sofredor pode ajudar. ” [Resistência e Submissão - cartas e anotações escritas na prisão" de Dietrich Bonhoeffer]
Alguém com razão escreveu em algum lugar:
"Deus não veio explicar o sofrimento;
ele veio preenchê-lo com sua presença".
"O Evangelho cristão ensina que o homem é responsável - assustadoramente responsável - na sua liberdade em relação a um Deus cuja força atinge a perfeição na fraqueza e no sofrimento." John Robinson
Juliano Fabricio
um sofredor confesso.