A grande ironia do materialismo no qual vivemos é buscarmos no consumo desenfreado de coisas, não o suposto valor e realidade das coisas em si mesmas, mas a pequena sensação de realização e bem-estar advinda da experiência durante o ato de aquisição, uma realidade inegável, que não se pode ver, tocar, sequer se pode acumular ou demonstrar, só se pode sentir e deixar fluir e que é mais real e intensa que toda realidade material e suas teorias e sofismas à nossa volta.
Essa realidade inegável e ao mesmo tempo abstrata, da qual o consumo nos revela apenas uma fagulha (razão da qual a sede viciante em buscar repetir essa experiência mais e mais) é a condição elementar da existência: o Amor. Amor que inspirou toda a criação. Amor que é nosso elo primeiro e inseparável com O Amado. Amor que é da nossa própria natureza, que é matriz de nossa essência, que animou o barro e deu-Lhe vida despertando sua consciência, mas que, de uma forma incoerente, buscamos sufocar, conter, atrofiar, porque o Amor é feito de Verdade, e a Verdade nega os apelos do ego por individualidade porque nos harmoniza à Unicidade.
Desta maneira, o materialismo nada mais é que um esforço constante de negação da Verdade Absoluta do Amor e da Unicidade de Deus, mas que, por basear-se numa ilusão, para sobreviver, é obrigada a encontrar subterfúgios para absorver, sem que seus iludidos se dêem conta, migalhas desse Amor primordial e intrínseco que, por ser essência elementar do Universo, pode ser experienciado na matéria, mas nunca somente pela matéria, encontra sua plenitude.