Jovens aprendem dos mais eficientes e não dos mais intelectualizados
Por muitos anos convivi com um professor que era muito estudioso. Ele era um socialista convicto, acreditava num mundo melhor se sua visão política fosse compartilhada por todos. Pregava a luta armada para chegar ao poder.
Era sério e sisudo. Nunca o vi soltar uma gargalhada, trabalhava aos sábados e domingos e ia a todas as reuniões de protestos. Fumava mas não bebia, não tomava sol por causa do raios ultravioletas, e era vegetariano por convicção. Bastante tímido, vestia-se mal, não era necessariamente uma pessoa encantadora.
Me fazia lembrar da famosa cena contada por Kierkegaard.
Um homem distraído de si mesmo, tão preocupado com problemas mais importantes que si, que lentamente esquece que ele existe, que tem valor por si só, somente pelo coletivo e o social, que um dia ele acorda e descobre que está morto.
Muitos professores universitários acabam assim. Frustrados por não terem mudado o mundo, amargurados com os fatos que frustraram a sua tentativa de fazer um mundo melhor, e agora velhos e pobres sem poupança suficiente para parar de trabalhar. A maioria acredita piamente que o ensino fará o país melhor.
A maioria acredita no poder do conhecimento, e que a transmissão do conhecimento é a sua missão.
Eu cada vez mais acredito menos na educação.
Eu cada vez acredito mais no poder do exemplo.
Um aluno aprende mais pelos exemplos de seus pais, amigos e professores do que nas pérolas de sabedoria contidas nos livros textos e transmitidas em aula. Nossos filhos sonham que na faculdade encontrarão belos exemplos de adultos líderes de sua sociedade, para fazer contraponto com as falhas e fraquezas de seus pais.
Lee Iacocca, ex presidente da Chrysler, quis ser Presidente da República e fez publicar o seguinte anúncio.
“Se nossa sociedade fosse inteligente, colocaria seus membros mais qualificados como professores de nossos filhos, e nós, o restante, ficaríamos com os empregos menos importantes da economia“.
O erro desta afirmação está na visão de que jovens aprendem dos ensinamentos dos mais intelectualizados, quando na realidade aprendemos via exemplo dos mais eficientes.
Copiamos a criação dos outros e observamos os nossos chefes inspirados em exemplos da comunidade, não nos professores em sala de aula.
Lamentavelmente, não encontramos mais grandes exemplos nas universidades brasileiras e nas do mundo inteiro.
A própria Universidade tem contribuído para desvalorizar o conceito de Exemplo, e valorizar sobremaneira o conceito de Educação.
Nossas Universidades são pródigas em desdenhar os exemplos que surgem da sociedade civil, as lideranças que emergem do seio da sociedade.
Sejam eles empresários, executivos, políticos eleitos, os líderes comunitários sem partido, e especialmente os líderes religiosos que são olhados com desprezo e desdém.
Nossa civilização está cada vez mais em frangalhos em termos éticos e morais justamente porque desdenhamos cada vez mais o exemplo da nobreza humana.
Todo ano eu organizava a Premiação O Voluntário do Ano, onde escolhia os melhores voluntários de 150 melhores entidades, que eram premiados numa bela cerimônia mas com pouquíssima partipação da imprensa brasileira.
Talvez por isto vemos crescer o Budismo, o Taoísmo, o Hinduísmo e todos os valores orientais que sempre deram mais valor ao exemplo dos velhos, o exemplo dos gurus, o exemplo dos seus antepassados espirituais.
Quem você conhece que lhe serve de exemplo?
Quem você leu na imprensa ultimamente cujo exemplo, não ideias, lhe impressionou positivamente?
Bertholt Brecht, famoso dramaturgo dizia que “pobre era o país que precisava de heróis“.
Eu diria justamente o contrário. Pobre é o país que possui poucos exemplos a seguir. Pior é que estes exemplos existem. Nossa cultura, nossas universidades, nossa imprensa não têm o hábito de divulgá-los.
O grande exemplo para seus filhos será sempre você e seu cônjuge.
É assustador, não é?
Mas eles irão aprender muito mais de você do que você imagina.
Por isto ter filhos com idade mais avançada hoje em dia é um avanço, não um problema.
Supõe-se que com idade mais avançada você já tem valores e uma ética definida e sedimentada.
Espera-se que aos 34 anos você já tenha uma visão de mundo correta para ensinar a seus filhos.
Que será um exemplo forte, forte o suficiente para resistir às mentiras que serão ditas nas universidades.
Seu filho aprenderá com você como lidar com erros, incertezas e as flutuações da vida.
Ele aprenderá com você como lidar com revezes, se você se desespera ou continua em frente.
Em vez de se preocupar com a escola e universidade de seu filho, preocupe-se um pouco mais com o que é ensinado em casa.
Por você.