O organismo vivo não se caracteriza por nunca se ferir, mas sim por ter um poder, mesmo que limitado, de recuperação.
Da mesma forma, o cristão não é um homem que nunca erra, mas um homem capaz de se arrepender, de levantar a cabeça e seguir em frente após cada queda. Ele é assim porque a vida de Cristo está dentro dele, sempre pronta para recuperá-lo, habilitando-o a imitar (em certa medida) a morte voluntária que o próprio Cristo levou a cabo.
É por isso que o cristão se encontra numa situação diferente da de outras pessoas que tentam ser boas. Estas esperam, por ser boas, agradar a Deus, quando nele acreditam; ou, caso não acreditem, esperam pelo menos receber a aprovação dos homens bons. Já o cristão pensa que todo bem que faz advém da vida de Cristo que o anima interiormente. Não pensa que Deus nos amará mais por sermos bons, mas que Deus nos fará bons porque nos amou primeiro, do mesmo modo que o teto de uma estufa não atrai o sol por ser brilhante, mas brilha porque o sol irradia sobre ele.
Não vale a pena tentar ser mais espiritual do que o próprio Deus, que nunca teve a intenção de que fôssemos criaturas puramente espirituais.
lendo C. S. LEWIS
em CRISTIANISMO PURO E SIMPLES