Muito de nós, cristãos, temos a tendência de “montar/refazer” Jesus, procuramos inventar um tipo de Jesus com o qual possamos conviver, projetando em Cristo que confirme nossas preferências e preconceitos. (Conhece alguém assim?)
Essa inclinação a construir um Jesus de acordo com nossos próprios termos de referência e de rejeitar qualquer evidência que desafie nossas presunções é humana, restritiva, carnal e burra. (Tipo cristão defendendo a diminuição da maioridade penal)
Precisamos lembrar que Jesus tem uma paixão que não conhece fronteiras nem limites de resistência, Ele surpreende... (inclusivo)
Esse Jesus que nos surpreende, não precisa ser acordado pelo bater dos nossos tambores, não pode ser seduzido pela beleza das nossas canções, iluminado pelas nossas fogueiras, tão pouco corrompido pelas nossas ofertas e sacrifícios. (Também criamos um Jesus manhoso)
Ele é Aquele que nos dá a condição de ver mesmo quando já não conseguimos mais enxergar, tocar mesmo quando as nossas mãos estão muito cansadas, ouvir mesmo quando tudo o que queríamos era o descanso do silêncio, caminhar mesmo quando os pés já estão feridos, ensinar mesmo quando isso parece ser tão pouco e amar sempre, a Ele, a nós e aos outros, na certeza de que isso é tudo. (Esse Jesus está praticamente desmontado em nosso meio)
E só lembrando, a sua justiça não é referenciada na punição, mas no resgate. Ele não viola direitos do indivíduo, mas o orienta para o convívio. Não impõe formas de agir, mas chama a atenção para a presença do outro no relacionamento. A justiça deve valorizar a liberdade, e a liberdade é para o que Cristo nos resgatou. (O Jesus da bancada evangélica com certeza não é esse)
Juliano Fabricio
em: apenas Jesus