Em seu famoso sermão de em 1522, Martinho Lutero clamou:
"Ah! se Deus permitisse que a minha interpretação e a de todos os outros mestres desaparecessem, e que cada cristão pudesse chegar diretamente à Escritura apenas, e à pura palavra de Deus! Percebe-se já por essa tagarelice minha a incomensurável diferença entre a palavra de Deus e todas as palavras humanas, e como homem algum pode, com todas as suas palavras, adequadamente alcançar e explicar uma única palavra de Deus. Trata-se de uma palavra eterna e deve ser compreendida e meditada com uma mente silenciosa. Ninguém é capaz de compreendê-la a não ser a mente que a contempla em silêncio. Para qualquer um capaz de fazê-lo sem comentário ou interpretação, meus comentários e os de todos os outros não seriam apenas inúteis, mas um estorvo. Vão para a própria Bíblia, caros cristãos, e não permitam que as minhas exposições e as de outros estudiosos sejam mais do que uma ferramenta que capacite a edificar de forma eficaz, de modo que sejamos capazes de compreender, experimentar e habitar a simples e pura palavra de Deus; pois apenas Deus habita em Sião".
Como disse certa vez que o ápice do conhecimento não é conceitual mas experiencial: eu sinto Deus. Essa é a promessa das Escrituras: Aquietai-vos e sabei (experimentem) que eu sou Deus. Minha própria jornada dá testemunho disso. O que quero dizer com isso é que um Deus vivo e amoroso pode fazer e de fato faz a sua presença ser sentida, pode falar e de fato fala conosco no silêncio do nosso coração, pode e de fato nos acolhe e acaricia até que não tenhamos mais qualquer dúvida de que ele está próximo, de que ele está de fato aqui. Tal experiência é pura graça para os pobres, para as crianças e para os pecadores, que são os personagens privilegiados no evangelho da graça. Ela não pode ser extraída à força de Deus. Ele a concede livremente, de fato a concede, e tem concedido a gente como Moisés, Mateus, Paulo e eu mesmo. Na verdade, não existe ninguém para quem Deus a negue. Disse Inácio de Loyola: "A experiência direta de Deus é de fato graça, e basicamente não há ninguém a quem ela seja recusada".
Valeu Martinho...e a reforma continua...
Juliano Fabricio