Como podem os cristãos dispensar graça em uma sociedade que parece estar se desviando de Deus?
A Bíblia oferece muitos modelos diferentes de respostas.
Elias escondeu-se em cavernas e desencadeou raios sobre o regime pagão de Acabe; seu contemporâneo Obadias cooperou com o sistema, dirigindo o palácio de Acabe enquanto abrigava os verdadeiros profetas de Deus ao lado. Ester e Daniel foram usados por impérios pagãos. Jesus submeteu-se ao julgamento de um governador romano; Paulo pediu que o seu caso fosse conduzido ao imperador.
Para complicar ainda mais as coisas, a Bíblia não dá conselho direto aos cidadãos de uma democracia.
Paulo e Pedro insistiam com seus leitores que se submetessem às autoridades e honrassem o rei, mas, em uma democracia, nós, cidadãos, somos o "rei".
Jesus não permitiu que nenhuma instituição interferisse no seu amor pelos indivíduos. A política racial e religiosa dos judeus proibia que Ele falasse com uma mulher samaritana, ainda mais com uma que tivesse antecedentes morais duvidosos. Jesus, no entanto, escolheu uma mulher samaritana para ser missionária. Entre os seus discípulos havia um cobrador de impostos, considerado um traidor em Israel, e também um zelote, membro de um partido ultrapatriota. O Senhor Jesus elogiou João Batista, que era contracultural. Encontrou-se com Nicodemos, um fariseu observador, e também com um centurião romano. Jantou na casa de outro fariseu chamado Simão e também na casa de um homem "impuro", Simão, o leproso. Para Jesus, a pessoa era mais importante do que qualquer categoria ou rótulo.
Porem com todas as suas falhas, a igreja às vezes, esporádica e imperfeitamente, é verdade, tem dispensado a mensagem da graça de Jesus ao mundo. Foi o cristianismo, e apenas o cristianismo, que acabou com a escravidão em alguns países. E também foi o cristianismo que inspirou a criação dos primeiros hospitais e hospícios. A mesma energia impeliu o primeiro movimento trabalhista, o voto das mulheres, as campanhas dos direitos humanos e os direitos civis.
Alguns conselhos para que possamos resgatar esse ativismo político ao longo da história:
“...para que sejam eficientes, os cristãos "cheios de graça" precisam ser sábios nas questões que escolhem apoiar ou combater. Historicamente, os cristãos têm tido uma tendência a contradição. Sim, lutaram a favor da abolição e para os direitos civis e de outro lado lutaram em campanhas contra os católicos e negros.
A pergunta é...E hoje? Estamos escolhendo nossas batalhas com sabedoria?
Com demasiada frequência, em suas incursões na política, os cristãos provaram ser "sábios como as pombas" e "inofensivos como as serpentes", exatamente o oposto do preceito de Jesus.
Se esperamos que a sociedade leve a sério nossa contribuição, então temos de demonstrar mais sabedoria em nossas escolhas.
A igreja opera melhor como uma força de resistência, um contrapeso ao poder consumidor do Estado. Quanto mais íntima ela fica do governo, mais diluída fica a sua mensagem. O próprio evangelho muda quando se transforma em religião civil.
- Um governo pode desbaratar redes de prostituição, mas não pode exigir a adoração.
- Pode prender e punir os assassinos, mas não pode curar o seu ódio, muito menos ensinar-lhes amor.
- Pode aprovar leis tornando o divórcio mais difícil, mas não pode obrigar os maridos a amar suas esposas e as esposas a amar seus maridos.
- Pode dar subsídios aos pobres, mas não pode forçar os ricos a demonstrar por eles compaixão e justiça.
- Pode banir o adultério, mas não a concupiscência. Pode encorajar a virtude, mas não a santidade.
Enfim só a igreja pode dispensar graça em uma sociedade desviada de Deus!!!
Juliano Fabricio
decepcionado com
a galera evangélica
que está no poder
(*temos raras exceções*)