Quando falo que Deus nos ama, primeiro tenho que falar da nossa consciência intuitiva de que precisamos de ajuda. (se não for o seu caso, não vale a pena ler o resto do texto. Seria pura perda de tempo)
Essa idéia contradiz as vozes dominantes que atuam sobre nós há muitos anos, garantido que nós mesmos somos a resposta para nossos problemas, que não existe ninguém lá fora que faça algo por nós e que, se não agirmos por conta própria, ninguém irá nos ajudar. Ainda que isso soe racional e libertador em relação à superstição religiosa primitiva, a verdade é que o que experimentamos no dia a dia são lutas intermináveis para as quais precisamos de ajuda externa se quisermos sobreviver, pois nós mesmos sabemos que somos impotentes.
Da mentira à explosão de raiva, aos vícios, à incapacidade de perdoar, à impotência diante da tragédia, à ansiedade, à sensação incômoda de que não somos bons o suficiente – por mais que nos esforcemos e conquistemos coisas, compreendemos que, sem Deus, não temos tudo de que precisamos, e que, sozinhos não somos tudo o que poderíamos ser.
É nesse momento – quando identificamos, assumimos e encaramos nossa impotência – que descobrimos o Deus que tem sido por nós o tempo todo.
E isso nos remete às surpreendentes ações de JESUS,
•que escuta o grito do cego a quem foi dito que se calasse,
•que come com os cobradores de impostos a quem todo mundo odeia,
•que conversa com a samaritana excluída com quem não poderia conversar,
Enfim... sempre indo para os guetos das cidades, para as margens, para aqueles em dificuldade, os rejeitados, aqueles que ninguém queria ver nem tocar, os ignorados, os fracos, os cegos, os aleijados, os perdidos e fracassados.
Jesus vai na direção deles, se oferece para eles e os encontra em seu lugar de dor, de fragilidade, de abandono e de carência.
Ele é uma prova viva de que Deus deseja que todos, sem EXCEÇÃO, sejam resgatados, renovados e reconciliados consigo mesmos, com o próximo, com o mundo ao redor e com Deus.
É claro que houve conseqüências para esse ensinamento, esse toque, essa conversa, essa refeição, essa cura e essa ajuda ao próximo.
Como essa enfática mensagem de que Deus é para todos, Jesus desafiou a premissa religiosa de seu tempo, segundo a qual Deus era apenas para alguns.
Em sua solidariedade para com os pobres, ele confrontou o sistema que criava esse tipo de condição social. Em sua afirmação de que Deus não cabia num templo, ele provocou aqueles que lucravam com o templo.
Tudo isso o levou à prisão, ao julgamento e à execução na cruz. Ninguém pode trazer uma mensagem revolucionaria sobre o florescimento da humanidade e esperar que os antigos sistemas opressores recebam isso passivamente. Ou, como o próprio Jesus disse, “Não se põe vinho novo em odre velho”.
Alguma vez você já passou por isso? Tentar implementar um trabalho ou projeto – talvez na sua igreja ou grupo – e esbarrar num muro de resistência? Você detecta uma necessidade, dá o melhor de si para atendê-la, mas é constantemente desestimulado por pessoas que desejam deixar as coisas exatamente como estão?
A resistência diante de mudanças mesmo que elas sejam necessárias, na maioria das vezes é vencida pelo medo, pela covardia, pela ganância e pela culpa. E esse é o ponto...
Juliano Fabricio
Lendo Rob Bell (Em minha opinião o melhor escritor de sua época)